Mais um trecho do meu livro "O veganismo para mães, pais e bebês".
Secreções mamárias de um outro tipo de mamífero não é
natural para humanos
“Um
importante fato a se lembrar e que todas dietas naturais, incluindo dietas
veganas sem nem um vestígio de laticínios, contém quantidades de cálcio acima
do limite para alcançar suas necessidades dietéticas. Na verdade, deficiência
de cálcio causada por insuficiência dietética não é conhecido de ocorrer em
humanos”. Dr. John Mcdougal, medico
vegano, há mais de 30 anos proponente de uma dieta vegana saudável, mais de 40
anos de prática médica.
É óbvio que até um passado extremamente recente
em termos de vida humana na terra, todas as mães tinham que ser extremamente
saudáveis e eficientes, para que seus filhos não morressem de fome ou de deficiência,
já que, até o período neolítico, seres humanos não haviam domesticado os
animais leiteiros (vaca, cabra, camelo, burro etc.). Agora, roubamos o leite
deles em função de suprir a incapacidade das mães amamentarem seus filhos até a
idade devida, como toda espécie de mamífero o faz, menos o homem. E isto se dá
primariamente a nutrição indevida, devido a comida cozida, processada, refinada
e industrializada, que, completamente desvitalizada, não fornece as mães os
nutrientes essenciais e o bom funcionamento fisiológico que as permitem
produzir seu leite. Se mães primitivas, não fossem muito mais aptas de
amamentar mais do que apenas uns meses ou um ano, nossa raça teria sucumbido,
pois sem apetrechos para cozinhar e amassar os alimentos, os bebês não teriam o
que comer.
Não consigo imaginar, mulheres primitivas,
relegando sua obrigação maternal a vacas e cabras, por elas serem incapazes de
fornecer a quantidade de leite devido, durante o tempo devido. E obviamente
antes do fogo e ferramentas, como crianças precisam de dietas ricas em gordura
para crescerem, sem o leite materno, não teríamos como naturalmente fornecer a
quantidade alta de gordura que a criança necessita durante os primeiros 7 a 8
anos de vida, já que a primeira dentição não facilitaria o consumo de
oleaginosas e menos ainda o de carne crua, caso a criança realmente conseguisse
comer com gosto ela crua e sem temperos, como ocorreria na natureza.
Como as mães atuais não produzem leite o
suficiente, elas recorrem ao leite de outros animais. Ao não possuírem um
nutriente, ou possuírem quantidades inadequadas, obviamente, sua criança, em
fase de crescimento é quem mais sofre com isso, porque terá materiais pobres e
fracos para construir sua estrutura. Como diria o Dr. Shelton, “Uma mãe não
consegue produzir seu leite comendo farinhas, açúcares refinados, cerveja,
cachorros quentes, hambúrgueres, tortas, cafés etc.”.
Levando em consideração que o ser humano é o
único mamífero que se alimenta com leite de outras espécies de mamíferos e
continua a “mamar” mesmo na fase adulta, devemos questionar, não há diferenças
entre a composição química do leite destes outros grupos de mamíferos em
comparação ao nosso? Não temos particularidades bioquímicas que só o leite de
uma mãe humana consegue fornecer?
Comparando o leite de vaca que é o mais
amplamente consumido por nossa raça, com o leite humano temos diversas
diferenças que causam uma amplitude de problemas.
·
Proteína
em excesso:
·
Desequilíbrio
de vitaminas e minerais:
·
Balanço
ácido/alcalino:
·
Desequilíbrio
em fatores imunológicos
·
Àcidos
graxos essenciais
E sabemos que proteína em excesso prejudica os
rins, ainda mais de uma criança, já que ainda não tem seu sistema formado,
sendo mais frágeis. O leite de vaca é acidificante, enquanto o materno alcalinizante.
Nosso sangue precisa se manter levemente alcalino. O leite de certas espécies
como o gamba ou o ornitorrinco é formado por oligossacarídeos ao invés de
açúcares simples. Sabemos que não sentimos o gosto do amido (arroz, feijão e
batata) em sua forma crua e não temperada, mas sentimos o gosto de açúcares
simples, por isso o da nossa é composto de galactose 247.
Leite de vaca contém quantidades insuficientes
de diversos nutrientes como ácido linoleico (Ômega 3), zinco, ferro e vitaminas
C e E. Contém em excesso alguns como sódio, cálcio e proteína. E diversos
destes nutrientes não só são essenciais (precisam ser consumidos), e a falta ou
excesso dos mesmos impede o corpo de se manter íntegro e saudável. O que nos
faz questionar o que ocorre ao organismo humano ao ser formado pelo leite de
outra espécie, com conteúdo nutricional inadequado para a nossa.
As secreções gástricas de bebês humanos são
adaptadas para a digestão do leite humano. Não sendo devidamente digerido,
sofremos de intolerância à lactose, alergia por proteínas não digeridas etc. O
leite humano, assim como o leite da vaca, é rico em fatores imunológicos. O humano
contém específicos para o bebê e o da vaca para o bezerro 248, 249.
Leite de vaca, atualmente, é repleto de
hormônios sintéticos, antibióticos, POPs, pus e sangue 1103103139442.
Primeiramente, vacas são injetadas com o RBGH, (Hormônio de crescimento recombinante
bovino) um hormônio de crescimento para incentivar a produção de leite,
inúmeras vezes mais que o natural. Além disso, o leite é contaminado por PCBs e
dioxinas, sendo ¼ a metade da contaminação da população nos EUA vindo dele.
Cólicas em bebês são correlacionadas as proteínas do leite de vaca, até mesmo
quando ingerido pela mãe, sendo passado pelo leite dela a criança 268, 269,
270.
Outro problema é que não é possível mais também
se conseguir leite de vaca fresco e cru. Hoje, todo o leite consumindo em
grandes e até mesmo pequenas cidades é pasteurizado. Com o processo da
pasteurização, a indústria esteriliza o alimento, conseguindo com isso um maior
tempo de vida nas prateleiras. Mas quanto mais expomos o alimento a altas
temperaturas, mais toxinas ali são formadas, muitos nutrientes são perdidos e
outros se tornam mais difíceis de serem digeridos e assimilados. Uma das
péssimas perdas específicas durante a pasteurização é o ácido fólico, tão
frisado na atualidade por pediatras, por sua interação com a vitamina b12 e por
causar um grave tipo de anemia 0987743434990, 0987743434991.
Um experimento publicado no “British Medical
Journal”, intitulado “O efeito do tratamento de calor no valor nutritivo do
leite para o bezerro; o efeito do tratamento e pasteurização com alta
temperatura” demonstrou que os bezerros que são alimentados com o leite materno
pasteurizado, morriam de nove entre dez casos. Outros provaram que bezerros
alimentados com leite pasteurizado sofrem problemas de saúde e tendem a não sobreviver
devido à má nutrição 271.
Leite nada mais é que um sistema de sinalização
e materiais crus, estabelecido a mais de 160 milhões de anos no período
jurássico para o crescimento neonatal. Devido a suas propriedades químicas, induz
o organismo a sinalizar para ele próprio, através da secreção de hormônios, que
é a hora de crescer, aumentar de tamanho, desenvolver a estrutura, assim
aumentando níveis de hormônios anabólicos e complexos de proteínas
correlacionados ao crescimento como GH, IGF-1, incretinas (insulina, glucagon
etc.), MTORc1 250.
O conteúdo proteíco do leite de cada espécie de
mamífero e correlacionado a velocidade de crescimento de sua prole. Neonatos
humanos levam 180 dias a dobrar seu peso de nascimento, enquanto bezerros 40. Ratos
e coelhos tem o seu conteúdo proteíco mais elevado, pois dobram do seu peso de
nascimento em apenas 4 a 5 dias 251. O mais impressionante que o
leite materno humano é na verdade o mais baixo dos primatas, possivelmente
indicando que nossa necessidade proteíca é mais baixa que a deles, e
provavelmente sugerindo uma maior porcentagem de frutas e menor de vegetais.
E não é coincidência que nosso leite é, de
todas as espécies, o mais hipo-proteíco, contendo apenas 1.21 gramas de
proteína a cada 100 ml e reduzindo ainda mais com o passar dos 6 primeiros
meses para 1.14. Em contraste, a proteína do leite de vaca é 3.36 gramas a cada
100 ml, enquanto o do rato é 8.7 gramas a cada 100 ml e o de um coelho 10
gramas. Deixe o leite para o neonato de sua espécie. Não acredite que você foi
feito para mamar durante a fase adulta, para o resto de sua vida e que você
nunca deveria desmamar. E ainda por cima, a alta quantidade de leucina no leite,
estimula a via metabólica mTORC1 (alvo da rapamicina), substância responsável
pelo crescimento do organismo como um todo, que se encontra altamente ativa em
células cancerígenas 252.
Se
tratando do cálcio, uma pesquisa publicada no jornal médico científico
Pediatrics, conclui que leite de vaca não melhorava a integridade óssea em
crianças. Em outro estudo no American Journal of Clinical Nutrition, o consumo
excessivo de cálcio ou de lácteos por adolescentes não prevenia fraturas
ósseas. E que mais de 600 mg ao dia, facilmente obtidos por leite e suplementos
(americanos chegam a recomendar até mais de 1200) não tem benefícios aos ossos 253,
254, 255.
Conteúdo de leucina por grama total de proteína no leite
de várias espécies
Conteúdo de leucina no leite de mamíferos e a
taxa de crescimento.
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Bodo
C. Melnik “Excessive
Leucine-mTORC1-Signalling of Cow Milk-Based Infant Formula: The Missing Link
to Understand Early Childhood Obesity” Journal of Obesity Volume 2012 (2012), 197653. AS DUAS TABELAS ACIMA SÃO DESSE artigo
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A própria academia
americana de pediatria não recomenda para crianças abaixo de 1 ano beberem
leite de vaca, pois alegam que elas não obteriam quantidades suficientes de
vitamina E, ferro e ácidos graxos essenciais. E obtém em excesso proteína,
sódio e potássio. E que essa proteína e gordura vindo do leite de vaca é mais
difícil para a criança digerir e absorver 256.
Em uma população com altos
índices de diabetes tipo 2, as pessoas que foram alimentadas exclusivamente com
leite materno tinham muito menores índices de diabetes que os que foram
alimentadas com leite em pó 257. De acordo com pesquisas publicadas
em jornais altamente reconhecidos como “The New England Journal of Medicine” e
o “American Journal of Clinical Nutrition” a diabetes juvenil ou tipo 1 (DM 1),
é fortemente ligada ao consumo do leite e seus derivados 258, 259.
Já outra no “Diabetes Care”, alegou que exposição precoce ao leite de vaca
aumenta em 50% a chance de desenvolver DM1 260.
Pesquisa na “Nature”, alega que leite de vaca
pode enfraquecer o funcionamento do sistema imune de uma criança e levar a
problemas de infecções recorrentes 261. Já uma no jornal britânico “Lancet”, sugere: “Em torno de 20% dos bebês sofrem
de cólica, gás ou câimbras abdominais. As proteínas no leite de vaca são uma
das principais causas destes problemas digestivos”. O leite de vaca contém
proteínas alergênicas e indutoras de cólicas, e respostas imunes a proteína do
leite são correlacionadas a DM1 e síndrome de morte súbita do lactente 262,263.
Outra no jornal
“Pediatrics” sugere que bebês alimentados com leite de vaca após um ano de
idade vivenciam 30% de aumento na perda de sangue intestinal e um significante
aumento na perda de ferro em suas fezes, o que pode levar a anemia ferropriva
(anemia por deficiência de ferro) 264. Tirando o fato que o leite de
vaca é pobre em ferro comparado as nossas necessidades e o cálcio e a caseína
do leite inibem a absorção de ferro não heme, levando a estes três fatores
correlacionarem o consumo de leite de vaca com anemia ferropriva 2235677777656909.
De acordo com a
Academia Americana de Pediatria (APA): “Exposição cedo na vida do bebê a
proteína do leite de vaca pode ser um importante fator na iniciação do processo
destrutivo das células beta (responsáveis por produzirem a insulina no pâncreas
da criança) em certos indivíduos”. E logo em seguida, recomendam evitar o
consumo de leite de vaca em função de prevenir DM1.
Existem evidências na literatura para sugerir a
correlação do consumo de leite de vaca ao diabetes, cânceres (principalmente os
sexuais) e doenças cardiovasculares. E ainda por cima sabemos que a grande
maioria de adolescentes e adultos da população mundial sofre de intolerância a
lactose, que na verdade é algo natural, e não realmente “sofrem”. Mais um bom
motivo para fornecer leite materno em abundância a sua criança e a alimentação
complementar baseada em alimentos de origem vegetal 265, 266, 267.
Tirando a questão ética de que é roubar o
alimento de um bebê de outra espécie. Como você se sentiria sendo escravizada,
fertilizada artificialmente a força e 9 meses depois, o seu leite fosse roubado
através de tentáculos de metal e seu filho preso em uma caixa e tornado anêmico
para ser abatido com apenas 3 meses de idade para se tornar vitela (baby beef)?